quinta-feira, 8 de maio de 2008

Semente de Mutante



A nova volta dos Mutantes suscita a velha discussão sobre os reais objetivos de grandes ídolos do passado retomarem suas apresentações e, por que não dizer, carreiras, uma vez que muitos não têm nem de perto o sucesso individual que tinham no coletivo.
Logicamente que o retorno aos palcos de grupos consagrados só traz benefícios aos fãs mais jovens, que não puderam desfrutar do prazer da companhia desses astros enquanto a rebeldia do rock n’ roll batia à porta. Contudo, esse tipo de decisão expõe os músicos à questão do porquê de um retorno ao mundo artístico, que muitas vezes acontece décadas após o fim, algumas vezes prematuro, das bandas ainda ocupando seu lugar no topo.
Notoriamente as perguntas mais freqüentes, assim como as críticas, têm fundamento numa possível busca desenfreada por uma ativação de capital, já que retornos de bandas extintas soam como máquinas caça-níqueis para a maioria das pessoas ligadas ao ‘show business’. Tanto isso é verdade que a própria Rita Lee aludiu o primeiro retorno dos Mutantes como “velhos em busca de dinheiro”, até porque a fama não é um problema para qualquer um deles.
Propostas de um presente aos fãs, a vontade de reativar as formações e reencontrar a alegria em tocar - ou coisa parecida, já foram respostas saídas da boca de muitos preciosos dinossauros na volta à vida artística. É realmente louvável saber que eles se importam com a legião de seguidores que conquistaram enquanto ainda tinham cabelo e suportavam rotinas super carregadas de shows e viagens alucinógenas, repletas de muitas orgias químicas e sexuais.
Porém, mesmo sendo retornos entusiasmantes para o público, o simples fato de voltar a tocar as mesmas composições parece um ato desesperado para deixar a sombra que passou a pairar sobre pessoas que até pouco tempo eram tidas como lendas vivas. Page e Plant declararam certa vez a um jornalista, que questionava a não volta do Led, que não fazia sentido voltarem a tocar juntos, porque, segundo eles, não eram mais as mesmas pessoas e as performances não seriam nem de perto algo próximo àquilo que os consagrou.
Mas então, o que seria necessário para fazer uma volta valer a pena? Talvez um disco novo, com composições inéditas e arranjos condizentes com a atual cabeça e pensamento dos integrantes da banda?! Talvez, e foi justamente o que os Mutantes tentaram provar nesta segunda edição do retorno da legendária banda aos palcos. “Mutantes Depois”, música de trabalho lançada recentemente na internet para download gratuito, mostra uma banda renovada (até porque da formação clássica apenas o guitarrista Sérgio Dias e o baterista Dinho continuam) e com uma pegada diferente na hora de criar, o que, em se tratando de Mutantes, não chega a ser nenhuma novidade. A música tem uma letra descontraída e um pouco enigmática, mantendo a cara da banda, embora o arranjo seja muito mais pop (não sei por que a Terra treme cada vez que se pronuncia essa palavra). Justamente por essa mudança na postura do retorno anunciado que está se criando uma mítica positiva nesta nova tentativa de reunir aquela que talvez tenha sido a maior banda de rock brasileira da história.
Não é por falta de fãs que o projeto não será um sucesso absoluto.

Baixe a nova música "Mutantes Depois" no http://musig.ig.com.br/templates/purchase.aspx?channel=9&tab=3

8 comentários:

Rafael disse...

A pergunta é:
Por que Sergio Dias não lança (não emplaca?) uma música nova pela sua carreira solo, ou sob o nome de Patrulha do Espaço?

Pra mim a coisa está clara: Os atuais fã dos Mutantes são apenas isso. Fãs de um nome de banda. Tanto faz se é Rita Lee, Segio Dias, Arnaldo Baptista ou sei lá quem for o atual dono do nome.

Zaratustra disse...

Eu sou fã de mutantes.
Não sou fã de um nome de banda coisa nenhuma.

Ser fã de mutantes não é nem de longe deixar a postura crítica de lado. É bem provável que se o novo som não for bom o suficiente não vai me agradar.

Idas e voltas fazem parte da vida. Natural e saudável. É claro que a volta tem que ser baseada na fama anterior, nostálgica, eu acho isso salutar.

O nome é a marca, quem fica com a marca tenta usufruir do prestígio que consquistou, com a carga terrível de comparação que os fãs imprimem.

Se conseguirem fazer o som bom, perfeito! Caso contrário o tombo é maior.

Jethro tull passou por 15 formações, Deep Purple passou por 8, YES passou por pelo menos 6.

E são bandas que mantiveram suas características, claro que em altos e baixos. Com períodos iluminados e outros não.

grande texto Rafinha!

Rafa Kondlatsch disse...

Muito obrigado Dr.

Dr.SYD disse...

Realmente a volta de 'velhas bandas' faz bem mais sentido p/ nós, 'novos fãs', que não tiveram a oportunidade de ve-los em sua época áurea não podendo assim fazer comparação que, com certeza, decepcionaria. Mas sem dúvida alguma a volta dos Mutantes é um marco espetacular e sem precedentes p/ o Rock'Roll nacional, mesmo com apenas 2 ou 3 dos integrantes originais, mesmo sem música nova, mesmo se for só pelo dinheiro(o artista tem que convencer os fãs que não é só pelo dinheiro e emociona-los...foi o que aconteceu).
Ví o Show: viajei, alucinei, babei, chorei, me sentí um 'abençoado'!
Se fosse a Rita sozinha tocando só musicas dos Mutantes, tbm iria me emocionar... definitivamente não importa se suas carreiras sólos são medíocres e não importa quem usa 'o nome' pq cada um deles empurrou a Rocha ladeira abaixo e até hoje ela não criou limo!!!

Zaratustra disse...

PS: a guitarra na foto chama-se Rúgulus, banahada em ouro.

Rafael disse...

Rugulus eu não conhecia... mas régulus sim. E eu sabia que regulus era uma estrela...
E se o Arnaldo era o lider da patrulha do espaço, então bem que podria tocar uma guitarra com nome de estrela.
Então fui na wikipédia e descobri o seguinte:

Regulus, Régulo ou α-Leonis, é a estrela mais brilhante da constelação de Leão. O seu nome significa "pequeno rei" em latim e antigamente era conhecida por Cor Leonis (em latim "o coração do leão") pela posição que ocupa no corpo da figura celestial.

mas na real bem pode ser rugulus tbm.

Dr.SYD disse...

É Régulus (lindo nome e significado-vô colocar no meu filho!)...acho q foi só um erro de digitação do Zara!

Zaratustra disse...

sim régulus, erro de digitação mesmo. mas está sendo feita uma nova guitarra banhada a ouro e tal...
com a maldição no verso é esta:

"Que todo aquele que desrespeitar a integridade deste instrumento, procurar ou conseguir possuí-lo ilicitamente, ou que dele fizer comentários difamatórios, construir ou tentar construir uma cópia sua, não sendo seu legítimo criador, enfim, que não se mantiver na condição de mero observador submisso em relação ao mesmo, seja perseguido pelas forças do Mal até que a elas pertença total e eternamente. E que o instrumento retorne intacto a seu legítimo possuidor, indicado por aquele que o construiu". CCDB